Rubens Nóbrega
Quinta, 26 de Agosto de 2010 - 06h00
Analisando o Guia
Impressionante a repercussão da fala do ex-prefeito Ricardo Coutinho (PSB) no seu programa do Guia Eleitoral, confessando com extrema sinceridade os motivos que o levaram a se aliar a Cássio Cunha Lima (PSDB) e a Efraim Morais (PSB).
Ainda ontem, mesmo já amplamente disseminado, dissecado e repicado em todas as rodas, becos e programas, o famoso ‘guia de Ricardo’ era tão comentado quanto o assassinato de que foi vítima a empresária Ana Maria Abrantes.
Digo mais: fiquei tão impactado com aquela performance do Mago que recorri ao Professor Flávio Lúcio Vieira, meu analista político de cabeceira, para me ajudar a entender o que houve e repartir com os leitores a compreensão dele sobre o fato.
Doutor Flávio Lúcio não apenas me socorreu como escreveu e o seu escrito sobre o assunto, com a qualidade de sempre, é o que ofereço logo mais a vocês, antecipando que ele não se ocupa apenas do desempenho de Ricardo Coutinho.
O analista também ‘pega’ o guia de José Maranhão (PMDB). Confiram, a partir deste ponto.
Rubens, a respeito do guia em que Ricardo Coutinho finalmente aparece para tentar esclarecer porque apóia e é apoiado por Cássio Cunha Lima e Efraim Morais, me chamaram a atenção algumas coisas: a maneira quase patética com que o ex-prefeito pede o apoio do eleitorado (lembrou o “não me deixem só” de Collor); além disso, Coutinho pouco citou os nomes dos dois aliados, referindo-se na maioria das vezes a “eles” ou “deles” para acentuar que eles são mesmo o “outro”, o “diferente”.
Agora, é bom ressaltar o quanto o ‘Mago’ melhorou seu desempenho na TV: parece mais confortável na frente das câmeras, fala com tranqüilidade como se não quisesse acabar logo o texto, com uma dicção mais clara e uma entonação mais firme, conversa com o eleitor e consegue passar a ele confiança (ou seja, Duda Mendonça é bom mesmo).
José Maranhão parece não dar importância à TV, pois também deixa transparecer que não se esforça muito em melhorar seu desempenho. O melhor dele é quando fala como se tivesse dando uma entrevista para um documentário, onde aparece mais à vontade, sem olhar direto para a câmera. Com essa deficiência, José Maranhão passa uma insegurança subjetiva ao eleitor, especialmente a certos tipos de eleitores que olham mais para a carcaça de um discurso e para uma apresentação mais rebuscada.
Por fim, um último comentário. A “matéria” que foi ao ar aparentemente após o guia de Maranhão. O eleitor comum não percebe claramente ser ela do guia do PMDB, pois ela foi inserida após as vinhetas e o texto de praxe que encerram o programa. É uma estratégia conhecida. Descolado do guia do PMDB, faz parecer que José Maranhão, por enquanto, não faz críticas e só apresenta propostas. Desatento, o eleitor pode pensar ser de outro guia a matéria.
De qualquer forma, ao que parece, Maranhão começa a se preocupar com o crescimento do Mago em João Pessoa. Não que eu ache que o PMDB mira apenas o objetivo de evitar o início de “virada” da oposição. Com isso também, afinal, gato escaldado...
A questão, acho eu, é que vencer ou perder por pouco aqui é importante para 2012. E se Coutinho não ganhar na Capital por uma grande diferença, o caminho para a oposição vencer em 2012 estará mais do que aberto. Especialmente se todos os que se uniram contra o PSB em 2010 se mantiverem juntos (Maranhão, Cícero Lucena, Lúcia Braga, PT e PCdoB). Por isso, detectada qualquer possibilidade de reação por aqui, a artilharia estará de prontidão.