Obrigado a fazer campanha
Recebi ontem denúncia segundo a qual servidores da Cinep - Companhia de Industrialização do Estado - estariam sendo obrigados a participar de atividades da campanha do governador José Maranhão (PMDB).
O ‘trabalho’ seria realizado nos finais de semana, feriados e em horários fora do expediente dito normal. “Mas teve dia”, disse-me a fonte, “que a Cinep fechou mais cedo só para facilitar a presença de servidores em determinado evento de campanha”.
Pelo que entendi, a imposição de prestar serviços à campanha do governador alcança qualquer funcionário que exerça alguma função gratificada. E ai de quem não for, porque ficaria com sua gratificação ameaçada.
Quem não comparecer ou se recusar a ir a carreatas, passeatas, arrastões, panfletagens etc. perde a confiança do chefe e, consequentemente, arrisca-se a uma punição que fatalmente seria aplicada logo após o fim do período eleitoral.
Segundo a mesma fonte, um diretor da Cinep fiscaliza pessoalmente a presença dos comissionados nos eventos da campanha. Só falta fazer uma chamada. O que deixaria tal absurdo ‘completo de tudo’ e só aumentaria a urgência na investigação por parte da Justiça Eleitoral.
Trago tal denúncia a este espaço com muita segurança quanto à procedência dos fatos, graças à seriedade da pessoa que me narrou, revoltada, o que estariam fazendo na Cinep e em outras repartições estaduais.
Mesmo assim e de qualquer forma, a minha certeza ou ciência da veracidade do que exponho não dispensa a atitude devida da Justiça Eleitoral, particularmente do Ministério Público Eleitoral.
Do mesmo modo, não exclui a possibilidade de a Cinep, por sua direção, vir a público esclarecer ou rebater a denúncia, usando para tanto esta coluna ou qualquer outro meio de divulgação.
Insisto, de qualquer sorte, que tenho como fiel expressão da verdade o que me foi dito porque acredito na fonte e ela não foi a primeira a me contar coisas do gênero que estariam acontecendo em outros órgãos estaduais.
Lembro que o Governo do Estado foi aqui denunciado anteriormente e coube ao Secretário da Administração, Antônio Fernandes, prestar o esclarecimento devido.
Na denúncia anterior, não foi mencionado um local específico onde os servidores estariam sendo coagidos a fazer campanha, daí por que o Doutor Antônio ofereceu a resposta padrão para todos.
Segundo o secretário, participa de campanha quem quer e, se participar, somente pode fazê-lo após o regular expediente.
Houve acusação semelhante contra a Prefeitura da Capital, mas nenhum dirigente municipal atendeu ao pedido de informação e esclarecimento feito pelo colunista.
Conforme publiquei, um ônibus estacionaria cedo da manhã nas imediações do Centro Administrativo Municipal para ‘carregar’ o pessoal até os cruzamentos de ruas e e avenidas mais movimentados da cidade.
Funcionaria assim: o ônibus ‘despeja’ a ‘carga’ em locais previamente designados e aguarda os servidores fazerem o serviço: distribuir adesivos, panfletos, agitar bandeiras etc. Passada a hora do rush, no mesmo transporte todos voltam para suas repartições.
A PMJP deu calado como resposta, como já disse. Quem usou o espaço à guisa de resposta foi o jornalista Nonato Bandeira, coordenador da campanha do ex-prefeito Ricardo Coutinho (PSB). Mas o fez, muito mais, para atacar o adversário.